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Aula 2 - 08/04/2015

  • flaviakarolinalima
  • 2 de mai. de 2015
  • 5 min de leitura

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Na aula de hoje, vimos os conceitos de "Hiper do Hipertexto".


Luiz Fernando Gomes (2011), parte da reflexão de que há alguns enfoques diferenciados nos estudos sobre hipertexto: alguns pesquisadores partem da comparação entre texto impresso e hipertexto, outros enfocam conceitos técnicos de usabilidade. Contudo, o autor aponta para a necessidade de compreender o hipertexto como objeto de estudo da linguística e que "sua recepção e usabilidade relaciona-se ao hipertexto enquanto produto da tecnologia".


Com base nessa reflexão, o autor detalha algumas compreensões sobre hipertexto, baseado em estudos que enfocam:



1 O "hiper" do hipertexto


Gomes inicia com as contribuições de Perfetti, que questiona sobre o que há no prefixo HIPER- no hipertexto. Para esse autor, o hipertexto possui duas combinações: (1) é intrigante, no sentido de que o texto não é para ser lido linearmente, ou seja, é um espaço a ser explorado pelo aprendiz. (2) é irrelevante – dado que as pesquisas nessas áreas são mais técnicas do que conceituais e mais promocional do que empírica. De acordo com esse autor, o hipertexto não é melhor que o texto, posto que se relacionam. Contudo é necessário redimensionar as pesquisas do hipertexto versus texto para a questão do processo versus uso. (cf. GOMES, 2011).


Gomes (2011) discorda de Perfetti, tendo em vista a compreensão de que a leitura do texto impresso não é necessariamente linear, pois tudo depende do objetivo da leitura, que tem autonomia a leitura pelo meio, por exemplo. Para esse autor, o fato de as pesquisas que enfocam o hipertexto serem técnicas está aliado ao seu surgimento, que se deu na área computacional.


Com base nessa reflexão, Gomes compreende a necessidade de pesquisar sobre as relações entre texto e hipertexto, pois nos proporciona uma perceber algumas questões sobre texto, o que contribui melhor entendimento deste. Sobre o prefixo prefixo hiper, é fundamentado na ideia de espaço hiperbólico criado em 1704 pelo matemático Kein, para mostrar as muitas dimensões do espaço. Nesse sentido, o hipertexto é o texto multidimensional, o que remete à compreensão de que o texto impresso é unidimensional.




2 Leitura de hipertexto



Com relação à leitura do hipertexto, Perfetti, critica que os estudos na contemporaneidade têm enfocado mais aspectos tecnológicos, do que cognitivo.


Nesse mesmo sentido, Miall (1998) compreende que para a leitura do hipertexto, devemos partir do conhecimento de leitura e escrita que temos do texto impresso e dos processos psicológicos que as embasam para que se possa verificar quais os processos de hipertexto nesse impacto.


Ainda com base na cognição, Perfetti, aponta para a necessidade de “verificar como os leitores integram as informações por meio de textos separados, como é o caso do hipertexto” (apud GOMES, 2011). Ou seja, é mais relevante verificar o interesse do leitor em relação ao processamento ou ao uso do texto, o que remete ao objetivo do leitor.


Gomes concorda com Perfetti sobre a relevância em se estudar como os leitores inter-relacionam informações em textos separados. Ainda nessa linha de reflexão, compreende que esse é um dos principais problemas da pesquisa em hipertexto de maneira que devem ser observados: (1) como se constrói a coerência em textos linkados, (2) a organização de forma descentralizada, que alteram a noção de continuidade tópica, temática e de sentido [1].


Com relação a leitura do hipertexto, considero que esta seja mais difícil que a do texto impresso visto que não fomos preparados para construir uma coerência textual em textos linkados.


Gomes amplia o conceito de proposto por Perfetti, refletindo sobre a usabilidade, que acarreta num novo tipo de leitor, que ora é usuário, ora é navegador. Para Gomes, o uso do texto também é um processo cognitivo e que o hipertexto não é exclusivo dos aprendizes, visto que a proposta de elaboração e escrita de hipertextos (design) não pode ser separada com base na proposta de usabilidade e de construção de sentidos, o que torna o autor e o leitor coautores.


3 Definições de hipertexto



Outros nomes representativos dessa área são Braga, Marcuschi, Xavier, Coscarelli. Dentre os quais, de acordo com Gomes, Marcuschi (2006:81) tem uma definição muito ampla para hipertexto, posto que este compreende que para ter acesso ao hipertexto não seria necessário o uso da internet. Nesse sentido todo texto é hipertexto.


Braga defende que o hipertexto é uma continuidade do texto impresso. De acordo com essa autora “a organização estrutural do hipertexto recupera e expande formas de relações inter e intra-textuais já exploradas nos textos impressos, principalmente os de natureza acadêmica”. (2009:16 apud Gomes 2011). Para essa autora, as notas de rodapé podem ser relacionado ao link, pois permite que o leitor se proponha a obter mais informações sobre determinado assunto. Contudo a principal diferença entre os dois apresenta-se na tela do computador, onde essas ligações são centrais na estruturação do texto.


Gomes, baseado em Landow, reflete que devido a presença dos links o hipertexto só existe em ambiente eletrônica. Este autor ressalta que, apesar de todo texto eletrônico ser um hipertexto, nem todo texto eletrônico é um hipertexto, pois nem todos textos disponíveis em ambientes eletrônico podem ser linkados, o que não oferece caminhos diferenciados para a leitura.


Concordo com a afirmação de Gomes, tendo em vista a natureza do hipertexto, que se deu com base nos estudos da computação, concordo também de que nem todos os textos em ambiente virtual são hipertextos, e com base nessa última afirmação associando à educação, compreendo que muitos textos disponíveis na Web são apenas reprodução dos textos dos livros impresso, o que não garante a hipertextualidade, tão pouco contribui para que o estudante tenha interesse por aquele assunto só porque está em ambiente virtual.


Landow (1997) aponta que os textos adaptados para o ambiente virtual são de duas natureza: os que preservaram a estrutura linear e os que são hipertextuais.


Com base nessa reflexão, Gomes (2011) afirma que grande parte dos textos do meio eletrônicos não exploram os recursos das modalidades expressivas de forma integrada.


Nesse sentido, a semiótica social tem contribuído a inserção e compreensão de modos em ambiente virtual. O estudo da semiótica social teve início a partir das contribuições de Halliday, que argumentou que a gramática não é um conjunto de regras, mas que é dotada de significados.


Os recursos semióticos, também chamados de “modo” são “elementos produzidos socialmente e se tornam recursos culturais para gerar significados” (KRESS, 2011 e VAN LEEUWEN 2005). Esses modos podem ser gestos, palavras, imagens, movimentos, músicas, vídeos, cores (VAN LEEUWEN, 2005; KRESS, 2011; DIONISIO& VASCONCELOS, 2013: 19), que contribuem para dar sentido ao texto.


Compreendo que no hipertexto esses modos se fazem muito presentes, o que remete à necessidade de compreendermos o hipertexto como objeto da linguística aliado aos aspectos multimodais.


4 Vieses de pesquisa sobre hipertexto


As pesquisas sobre hipertexto são baseadas em dois pontos de vista: (1) dos autores que enfatizam as semelhanças entre texto impresso e hipertexto; e (2) dos pesquisadores que preferem enfatizar as diferenças.


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Koch, Rouet e Levonen ressaltam as semelhanças entre texto impresso e hipertexto em seus estudos.


Contrária a essa posição de ressaltar semelhanças, Lemke é um dos autores que mais enfoca as diferenças entre texto e hipertexto. Nesse sentido hipertexto é totalmente diferente de texto impresso na perspectiva de que aquele não se apresenta em um eixo narrativo ou argumentativo que os relacione sequencialmente.


Dentre esses autores que apontam as diferenças, Gomes segue a linha de pesquisa de Braga para quem o Hipertexto “é um produto da nova modalidade linguística no meio digital”. Tal posicionamento não descarta as semelhanças, contudo aponta para as novas modalidades disponíveis em ambiente virtual.


Finalmente, Gomes aponta que as pesquisas sobre hipertexto têm refletido sobre a produção e uso do hipertexto em vários contextos, como o trabalho de Vieira (2002).


Com base nessa reflexão, o autor encerra este capítulo apontado para a necessidade de estudos que enfoquem a leitura e a escrita em diversos ambientes, com o intuito de compreender melhor o hipertexto e como se “dão o processo de autoria e construção de sentido”.



[1] Necessidades de pesquisas sobre hipertexto apontadas por Gomes (2011).


 
 
 

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